Tumor de Células Gigantes da Bainha Tendínea

O Tumor de Células Gigantes da Bainha Tendínea é uma condição de nome longo e assustador, mas que, na prática, se resume a um “caroço” benigno e muito comum nos dedos das mãos. É o segundo tumor mais frequente na mão, perdendo apenas para o Cisto Sinovial.

Representação esquemática do Tumor de Células Gigantes da Bainha Tendínea no tendão flexor do dedo.

O Que É?

O Tumor de Células Gigantes da Bainha Tendínea (ou TGC Tenossinovial) é um crescimento anormal, sólido e não canceroso (benigno) que surge nos tecidos que revestem os tendões.

 

Diferente do cisto sinovial, que é uma bolinha cheia de líquido (como uma bexiga d’água), este tumor é uma massa sólida e firme. Ele cresce lentamente ao redor do tendão, podendo “abraçá-lo”, mas raramente invade o tendão em si.

Causas e Fatores de Risco

A causa exata ainda é desconhecida (idiopática). Teorias antigas sugeriam que poderia ser uma reação inflamatória a um trauma ou alteração metabólica, mas hoje sabe-se que é um processo proliferativo (neoplásico) benigno.

 

Os principais fatores de risco e características incluem:

  • Gênero e Idade: É mais comum em mulheres e geralmente aparece entre os 30 e 50 anos.

  • Localização: Afeta principalmente os dedos das mãos (especialmente indicador e médio), perto das articulações (“juntas”) da ponta ou do meio do dedo.

  • Não é causado por esforço: Diferente de tendinites, não há relação direta comprovada com uso repetitivo ou trabalho manual.

Sintomas Mais Comuns

O tumor costuma ser silencioso e de crescimento muito lento, o que faz com que o paciente demore a procurar ajuda.

  • Nódulo palpável: Um caroço duro, fixo e que não se move livremente sob a pele. Ao contrário do cisto, ele não “some” e nem muda de tamanho rapidamente.

  • Indolor: Na maioria das vezes não dói, a menos que seja pressionado ou atrapalhe o movimento.

  • Crescimento progressivo: Começa pequeno como uma ervilha e pode crescer até envolver boa parte do dedo.

  • Dormência: Se o tumor crescer e comprimir o nervo digital (que passa logo ao lado), pode causar formigamento na ponta do dedo.

Diagnóstico

O diagnóstico começa com o exame físico. O médico notará uma massa firme que não transilumina (não deixa a luz passar, diferenciando-se do cisto).

 

Para o planejamento da cirurgia, exames de imagem são cruciais:

  • Ultrassom: É o exame inicial mais comum. Mostra uma massa sólida, bem definida e com vascularização (fluxo de sangue), o que o diferencia de um cisto simples.

  • Ressonância Magnética: É o padrão-ouro. Ela permite ver exatamente o tamanho do tumor, o quanto ele “abraça” o tendão e se está perto de nervos e artérias. Isso é vital para o cirurgião planejar a remoção completa.

  • Raio-X: Pode ser solicitado para verificar se o tumor causou alguma erosão (desgaste) no osso adjacente pela pressão crônica.

Tratamento

O tratamento do Tumor de Células Gigantes é exclusivamente cirúrgico.

 

Diferente de alguns cistos que podem sumir sozinhos ou serem aspirados, esse tumor é sólido e continuará crescendo se não for removido. Não existem remédios, pomadas ou fisioterapia que façam o tumor desaparecer.

 

A cirurgia é indicada para:

  • Confirmar o diagnóstico (através de biópsia).

  • Melhorar a estética e função do dedo.

  • Evitar que o tumor cresça a ponto de danificar tendões ou nervos vizinhos.

Cirurgia

A cirurgia consiste na exérese (remoção) completa do tumor. É um procedimento delicado, pois o tumor costuma estar entrelaçado com estruturas nobres.

  • Técnica: O cirurgião faz uma incisão cuidadosa sobre o nódulo. Utilizando lupas de magnificação, ele separa o tumor dos nervos digitais e das artérias, “descascando-o” do tendão para garantir que não sobrem células tumorais.

  • Anestesia: Geralmente realizada com bloqueio local ou regional (o braço fica dormente) e sedação leve, permitindo alta no mesmo dia.

  • Margens: O objetivo é retirar o tumor com uma pequena margem de segurança para diminuir o risco de ele voltar.

Prognóstico e Recuperação

A recuperação costuma ser rápida e tranquila.

  • Pós-operatório: O paciente sai com um curativo e pode mover os dedos levemente logo após a cirurgia. Os pontos são retirados com cerca de 14 dias.

  • Recidiva (Voltar): Esta é a principal preocupação. O Tumor de Células Gigantes tem uma taxa de recidiva que varia de 10% a 20%, mesmo com uma cirurgia bem feita. Isso acontece porque células microscópicas podem ficar “escondidas” na bainha do tendão.

  • Reabilitação: A Terapia da Mão pode ser necessária para recuperar o movimento total. A rigidez articular pode ocorrer devido a aderências tendíneas (processo de cicatrização interna) ou até mesmo pelo encurtamento dos ligamentos e da articulação que já existia previamente devido à presença crônica do tumor.

Quando Procurar o Especialista

Qualquer “caroço” que surge no corpo deve ser avaliado por um médico.

 

Procure um Cirurgião de Mão se:

  • Você notar um nódulo duro no dedo que está crescendo.

  • Sentir dormência ou choque na ponta do dedo associado ao nódulo.

  • O caroço começar a atrapalhar o movimento de dobrar o dedo.

Dúvidas Frequentes (FAQ)

Esse tumor é câncer (maligno)? Não. O Tumor de Células Gigantes da Bainha Tendínea é benigno. Ele não espalha para outros órgãos (metástase). No entanto, ele é “agressivo localmente”, o que significa que pode crescer e desgastar o osso ou envolver nervos se não tratado.

 

Por que ele tem esse nome assustador? O nome vem da aparência das células quando vistas no microscópio (células grandes multinucleadas). Não tem relação com o tamanho do tumor em si, que geralmente começa pequeno.

 

Ele pode voltar depois da cirurgia? Sim. Existe uma chance média de 15% de o tumor crescer novamente no mesmo local. Por isso, é importante operar com um especialista que utilize técnicas de magnificação (lupas) para limpar bem a área.

 

Posso apenas observar sem operar? Não recomendamos. O tumor tende a crescer progressivamente, podendo invadir tendões, comprimir nervos e desgastar o osso, o que torna a cirurgia futura muito mais complexa e arriscada. O diagnóstico e tratamento precoces são a melhor escolha.

Se você se identifica com esses sintomas, uma avaliação especializada é fundamental. Agende sua consulta para um diagnóstico preciso e para iniciarmos o tratamento adequado.