Artrose das Articulações dos Dedos

A dor nas mãos e punhos é uma das queixas mais frequentes no consultório ortopédico. Muitas vezes, o diagnóstico é uma tendinite, uma condição que pode variar de um leve incômodo a uma dor incapacitante que impede atividades simples como digitar, segurar um copo ou girar uma maçaneta.

 

Existem vários tipos de tendinite, dependendo de qual tendão foi afetado. Identificar o local exato da dor é o primeiro passo para o tratamento correto.

Ilustração sobre Tendinites das mãos e punhos, mostrando a anatomia dos tendões extensores inflamados.

O Que É?

A Tendinite é a inflamação de um tendão. Os tendões são como “cordas” resistentes que conectam os músculos aos ossos, transmitindo a força necessária para gerar movimento.

 

Nas mãos e punhos, existem dezenas de tendões passando por túneis estreitos. Quando esses tendões são sobrecarregados ou sofrem atrito excessivo dentro desses túneis, eles incham e inflamam. O termo técnico mais correto muitas vezes é Tenossinovite, pois a inflamação geralmente atinge a bainha (capa) que reveste e lubrifica o tendão.

 

Principais Tipos de Tendinite:

 

Embora as mais famosas sejam a Tenossinovite de De Quervain (dor na lateral do polegar) e o Dedo em Gatilho (travamento dos dedos) — que possuem páginas exclusivas neste site — existem muitas outras formas comuns de inflamação:

  • Tendinites dos Extensores (Dorso da Mão): Muito frequentes. Afetam os tendões que passam pelas costas da mão e servem para esticar os dedos e levantar o punho. A dor geralmente é localizada no dorso do punho ou na mão.

  • Tendinites dos Flexores (Frente do Punho): Afetam os tendões que dobram os dedos e o punho. A dor se concentra na parte da frente (volar) do antebraço e punho.

  • Tendinites Específicas do Punho:

    • Extensor Ulnar do Carpo (ECU): Causa dor na lateral do punho, do lado do dedo mínimo. Comum em tenistas e golfistas.

    • Flexor Radial do Carpo (FCR): Causa dor na frente do punho, perto da base do polegar.

    • Síndrome da Intersecção: Uma inflamação no dorso do antebraço onde dois grupos de tendões se cruzam e “esfregam” um no outro.

Causas e Fatores de Risco

A causa mais comum é o uso excessivo ou repetitivo (sobrecarga). Não é necessariamente um esforço de muita força, mas sim a repetição constante de um movimento ou uma técnica esportiva inadequada.

 

Os principais fatores de risco incluem:

  • Esforço Repetitivo (LER/DORT): Digitação excessiva, uso prolongado de mouse, celular ou joystick (videogame).

  • Esportes de Raquete: O impacto da bola e a vibração da raquete são causas clássicas de tendinite do lado ulnar ou dos extensores.

  • Trabalhos Manuais: Costura, artesanato, uso de ferramentas vibratórias, limpeza doméstica pesada.

  • Doenças Inflamatórias: Artrite Reumatoide, Diabetes e problemas na Tireoide aumentam a predisposição à inflamação.

  • Traumas: Uma pancada ou torção pode desencadear o processo inflamatório.

Sintomas Mais Comuns

Os sintomas variam dependendo de qual tendão está inflamado, mas geralmente incluem:

  • Dor Localizada:

    • Dorso da mão: Sugere tendinite dos extensores.

    • Frente do punho: Sugere tendinite dos flexores.

    • Lado do mindinho: Sugere tendinite do Extensor Ulnar.

  • Dor ao Movimento: A dor piora ao usar a mão (girar a maçaneta, abrir um pote) e melhora com o repouso.

  • Inchaço (Edema): A região do punho ou do trajeto do tendão pode ficar inchada e quente.

  • Rigidez Matinal: Sensação de que a mão está “dura” ao acordar.

  • Perda de Força: Dificuldade para segurar objetos pesados devido à dor.

Diagnóstico

O diagnóstico é eminentemente clínico. O médico realiza testes específicos no consultório, movendo o punho e os dedos contra resistência em diferentes direções para isolar qual tendão está “reclamando”.

 

Para confirmar o grau da inflamação e descartar outras lesões, exames de imagem são muito importantes:

  • Ultrassom: É o exame de escolha inicial. Ele visualiza muito bem as “partes moles”, mostrando o espessamento do tendão, o líquido inflamatório ao redor dele e se há instabilidade (se o tendão “sai do lugar”).

  • Ressonância Magnética: Solicitada em casos crônicos, dúvidas diagnósticas ou para avaliar se há rupturas parciais do tendão.

  • Raio-X: Útil para descartar problemas ósseos, como artrose ou calcificações, que podem estar irritando o tendão.

Tratamento

O objetivo inicial é sempre “apagar o incêndio”, ou seja, controlar a inflamação e a dor.

 

O tratamento conservador (sem cirurgia) envolve:

  • Repouso Relativo e Mudança de Hábitos: Evitar a atividade ou o gesto esportivo que causou a dor é o primeiro passo.

  • Órteses (Talas): O uso de imobilizadores (munhequeiras com tala) é fundamental para dar descanso ao tendão, impedindo que ele fique se movendo e atritando.

  • Medicamentos: Anti-inflamatórios e analgésicos ajudam na fase aguda.

  • Fisioterapia / Terapia da Mão: Essencial para analgesia (laser, ultrassom), alongamento e fortalecimento progressivo da musculatura do antebraço.

  • Infiltração: Em casos de dor intensa e localizada, uma injeção de corticoide ao redor da bainha do tendão pode trazer alívio rápido e duradouro.

Cirurgia

A cirurgia é reservada para casos crônicos que não melhoram com o tratamento conservador (após meses de fisioterapia e medicação) ou quando há uma instabilidade do tendão (ele fica “pulando” fora do lugar).

 

O procedimento consiste na Tenólise (limpeza do tendão e retirada do tecido inflamatório) ou na reconstrução da bainha do tendão se houver instabilidade.

 

A cirurgia é realizada com bloqueio local ou periférico (o braço fica dormente), associado a uma sedação leve ou máscara laríngea para conforto do paciente. A alta hospitalar ocorre no mesmo dia.

Prognóstico e Recuperação

O prognóstico é excelente. A maioria dos pacientes se cura sem cirurgia, apenas com correção de hábitos, uso de órtese e reabilitação.

 

Para quem opera:

  • Pós-operatório: Pode ser necessário usar uma imobilização leve por alguns dias.

  • Pontos: Os pontos da pele são retirados geralmente após 14 dias.

  • Reabilitação: A Terapia da Mão deve ser iniciada precocemente para evitar que o tendão cicatrize “grudado” nos tecidos vizinhos (aderência), garantindo o retorno total do movimento.

Quando Procurar o Especialista

Não ignore uma dorzinha que persiste. Tendinites não tratadas podem se tornar crônicas, enfraquecer o tendão (levando a rupturas) e serem muito difíceis de curar.

 

Procure um Ortopedista ou Cirurgião de Mão se:

  • A dor no punho ou mão persistir por mais de uma semana.

  • Houver inchaço visível ou vermelhidão.

  • Você sentir perda de força ou dificuldade para realizar tarefas do dia a dia.

  • A dor atrapalhar o seu sono ou a prática de esportes.

Dúvidas Frequentes (FAQ)

Tendinite tem cura definitiva? Sim, a inflamação pode ser curada. Porém, se o paciente voltar a cometer os mesmos erros (má postura, técnica esportiva errada, esforço excessivo sem preparo), a tendinite pode voltar (recidivar).

 

É melhor usar compressa quente ou gelo? Na fase aguda (dor forte, inchaço, calor), o gelo é o mais indicado para desinflamar. Compressas mornas podem ser usadas em fases crônicas para relaxamento muscular, mas o gelo é o padrão para tendinite aguda.

 

O que é a tendinite do tenista? Geralmente se refere à Epicondilite Lateral (dor no cotovelo), mas tenistas também sofrem muito com a Tendinite do Extensor Ulnar do Carpo (dor na lateral do punho) devido ao movimento do golpe.

 

Quanto tempo demora para sarar? Casos leves podem resolver em 2 a 3 semanas. Casos crônicos podem levar meses de reabilitação. A cirurgia tem recuperação de cerca de 4 a 6 semanas para retorno total às atividades.

Se você se identifica com esses sintomas, uma avaliação especializada é fundamental. Agende sua consulta para um diagnóstico preciso e para iniciarmos o tratamento adequado.