Síndrome da Banda Amniótica
A Síndrome da Banda Amniótica é uma condição rara e congênita que ocorre quando o bebê, ainda dentro do útero, tem partes do corpo “amarradas” ou comprimidas por fios fibrosos. O resultado pode variar desde marcas leves na pele até amputações de dedos ou membros.
É fundamental que os pais saibam que essa é uma ocorrência acidental, sem culpa materna e, na maioria das vezes, sem risco de repetição em futuras gestações.

O Que É?
A Síndrome da Banda Amniótica (ou Sequência de Bridas Amnióticas) acontece quando a membrana interna que envolve o bebê (o âmnio) sofre uma ruptura parcial.
Isso libera fios ou faixas de tecido fibroso que ficam flutuando no líquido amniótico. Esses fios podem se enrolar ao redor de partes do corpo do bebê, como dedos, mãos, pés, braços ou pernas.
Imagine um elástico apertando um dedo:
Se o aperto for leve, deixa apenas uma marca ou sulco na pele (anel de constrição).
Se for muito forte, pode interromper a circulação de sangue, impedindo o desenvolvimento daquela parte ou causando uma amputação congênita (o bebê nasce sem a ponta do dedo ou membro).
Causas e Fatores de Risco
A causa exata é desconhecida, mas a teoria mais aceita é a da “ruptura prematura do âmnio”.
É importante reforçar o que NÃO causa a síndrome:
Não é genética nem hereditária (não “passa de pai para filho”).
Não é causada por medicamentos, estresse ou alimentação da mãe.
É considerado um evento esporádico e acidental. O risco de acontecer novamente em uma próxima gravidez é extremamente baixo, praticamente igual ao da população geral.
Sintomas Mais Comuns
As manifestações variam muito de criança para criança, dependendo de onde e com que força a banda apertou.
Anéis de Constrição: Sulcos profundos na pele, parecendo que há um elástico invisível apertando o braço ou a perna. Isso pode causar inchaço (linfedema) abaixo da marca.
Amputações: Ausência de dedos das mãos ou dos pés, ou até de partes maiores dos membros.
Sindactilia (Dedos Unidos): Às vezes, as pontas dos dedos são fundidas (“fenestrada”), mas com a base separada, o que é diferente da sindactilia comum.
Pés Tortos: O bebê pode nascer com pé torto congênito se a banda apertou o nervo da perna.
Diagnóstico
O diagnóstico é visual, feito pelo pediatra ou ortopedista logo após o nascimento.
Exame Físico: O médico avalia a profundidade dos anéis de constrição e a circulação da extremidade. Se o anel for muito profundo, pode estar comprometendo o fluxo sanguíneo ou linfático.
Ultrassom Pré-Natal: Em alguns casos, é possível ver as bandas ou as alterações nos membros durante os ultrassons da gestação, mas nem sempre o diagnóstico é claro antes do nascimento.
Raio-X: Após o nascimento, é usado para ver se o osso foi afetado ou deformado pela constrição.
Tratamento
O tratamento depende da gravidade da lesão e se ela está atrapalhando a função ou circulação.
Tratamento Conservador: Se o anel de constrição for superficial e não causar inchaço ou problemas circulatórios, pode-se apenas acompanhar o crescimento da criança sem necessidade de cirurgia imediata.
Tratamento de Urgência (Raro): Se o bebê nascer com um anel muito apertado que deixa a mão ou pé inchado e roxo (risco de gangrena), a cirurgia para soltar a banda deve ser feita nos primeiros dias de vida.
Cirurgia
A cirurgia é o tratamento principal para corrigir as deformidades e melhorar a função e estética.
As principais indicações são:
Liberação de Anéis de Constrição: O cirurgião remove a cicatriz profunda e faz plásticas na pele (Z-plastias) para soltar o anel e nivelar a pele, melhorando a circulação e a aparência.
Separação de Dedos (Sindactilia): Se os dedos estiverem unidos pelas pontas, a cirurgia os separa para permitir o movimento independente.
Correção de Pé Torto: Pode exigir gessos seriados ou cirurgia.
A cirurgia é realizada sob anestesia geral, e o momento ideal varia. Anéis profundos são operados cedo; correções estéticas podem aguardar até a criança ser maior.
Prognóstico e Recuperação
O prognóstico funcional geralmente é muito bom. Crianças têm uma capacidade incrível de adaptação.
Pós-operatório: A recuperação da cirurgia de pele (Z-plastia) é rápida. Os pontos são absorvíveis ou retirados em cerca de 14 dias.
Adaptação: Mesmo crianças com amputações de dedos costumam ter uma função de mão excelente, aprendendo a segurar objetos e escrever sem dificuldades.
Estética: As cicatrizes das cirurgias tendem a ficar discretas com o tempo, mas as marcas profundas originais podem deixar sinais permanentes.
Quando Procurar o Especialista
A avaliação deve ser feita logo após o nascimento.
Procure um Ortopedista Pediátrico ou Cirurgião da Mão se:
O bebê tem marcas profundas (“dobrinhas” anormais) nos braços ou pernas.
Há inchaço persistente nas mãos ou pés logo após nascer.
O bebê nasceu com dedos unidos ou ausentes.
Dúvidas Frequentes (FAQ)
Existe risco de acontecer novamente em uma próxima gravidez? Não. A Síndrome da Banda Amniótica é considerada um acidente biológico intrauterino, e não uma doença genética hereditária. O risco de repetição em um próximo filho é praticamente nulo.
A marca no braço vai sumir sozinha? Não. O sulco profundo causado pela banda não desaparece com o crescimento. Pelo contrário, se for muito profundo, pode ficar relativamente mais apertado conforme a criança ganha peso. A cirurgia plástica reparadora (Z-plastia) ajuda a corrigir o relevo da pele.
O dedo amputado vai crescer de novo? Infelizmente, não. As partes que foram amputadas dentro do útero não se regeneram. O foco do tratamento é garantir que o restante da mão funcione da melhor maneira possível através de terapia ocupacional e adaptações.
Quando devo operar meu filho? Se houver risco de circulação (mão inchada/roxa), a cirurgia é imediata (neonatal). Se a queixa for apenas estética ou funcional leve, geralmente aguardamos a criança ter mais de 6 meses ou 1 ano para maior segurança anestésica.
Se você se identifica com esses sintomas, uma avaliação especializada é fundamental. Agende sua consulta para um diagnóstico preciso e para iniciarmos o tratamento adequado.
