Lesões dos Tendões Extensores
Os tendões extensores são responsáveis por um dos movimentos mais importantes da nossa mão: esticar os dedos e abrir a mão. Como eles ficam localizados logo abaixo da pele no dorso (“costas”) da mão, são muito vulneráveis a cortes e traumas.
Uma lesão nesses tendões pode parecer simples à primeira vista, mas se não tratada corretamente, pode levar a deformidades permanentes e perda de função.

O Que É?
Os tendões extensores são como “cordas” ou fitas que conectam os músculos do antebraço aos ossos dos dedos e do polegar. Eles correm pelo dorso da mão e são responsáveis por esticar (estender) os dedos e o punho.
Por estarem muito próximos da superfície da pele, qualquer corte no dorso da mão, mesmo que superficial, tem grande chance de atingir essas estruturas. Existem diferentes tipos de lesão, dependendo da zona afetada, sendo as mais famosas o Dedo em Martelo (ponta do dedo caída) e a deformidade em Boutonnière (dedo em botoeira).
Causas e Fatores de Risco
A causa mais comum é o trauma direto, mas existem outras formas de lesão.
Cortes (Ferimentos Corto-Contusos): Facas de cozinha, vidro quebrado, serras ou objetos metálicos afiados são os grandes vilões.
Traumas Fechados (Batidas): Uma pancada forte na ponta do dedo (como uma bolada no vôlei ou basquete) pode romper o tendão sem cortar a pele (Dedo em Martelo).
Doenças Reumáticas: Artrite Reumatoide pode enfraquecer os tendões e causar rupturas espontâneas, conhecidas como “rupturas por atrito”.
Mordidas: Mordidas de animais ou humanas no dorso da mão frequentemente lesionam o tendão e trazem alto risco de infecção.
Sintomas Mais Comuns
O sinal mais evidente é a perda da capacidade de esticar o dedo, mas isso pode variar dependendo da localização do corte.
Incapacidade de Esticar: Você tenta abrir a mão, mas um ou mais dedos ficam “caídos” ou dobrados.
Corte no Dorso da Mão: Presença de ferida aberta, que pode ou não sangrar muito.
Deformidade: O dedo pode assumir posições estranhas, como a ponta caída (Dedo em Martelo) ou o meio do dedo dobrado (Boutonnière).
Dor: Dor local, que piora ao tentar mover o dedo.
Dormência: Se algum nervo sensitivo próximo foi cortado junto, pode haver formigamento na pele.
Diagnóstico
O diagnóstico é essencialmente clínico. O médico especialista pedirá para você tentar esticar os dedos contra resistência e testará cada articulação isoladamente.
Exames complementares ajudam a definir a gravidade e o planejamento:
Raio-X: É obrigatório. Serve para verificar se houve fratura óssea associada, se um pedaço de osso foi arrancado junto com o tendão (avulsão) ou se há corpos estranhos (vidro/metal) na ferida.
Ultrassom: Pode ser usado em casos de dúvida, quando não há corte na pele, para confirmar a ruptura do tendão e localizar onde as pontas estão.
Tratamento
O tratamento depende se a lesão é aberta (corte) ou fechada (batida) e da zona da mão afetada.
Tratamento Conservador (Sem Cirurgia): É muito utilizado para lesões fechadas, como o Dedo em Martelo tendíneo.
Imobilização (Talas): Uso de talas específicas que mantêm o dedo esticado 24 horas por dia, por cerca de 6 a 8 semanas. O objetivo é manter as pontas do tendão encostadas para que colem naturalmente.
Tratamento de Lesões Abertas (Cortes): Se houve corte na pele e o tendão foi atingido, a cirurgia é quase sempre necessária, pois as pontas do tendão tendem a se afastar.
Cirurgia
A cirurgia de reparo (Tenorrafia Extensora) deve ser feita o mais breve possível para garantir o melhor resultado.
Técnica: O cirurgião localiza as pontas do tendão retraído e realiza a sutura (costura) com fios especiais e resistentes.
Limpeza: Se a lesão foi causada por mordida ou objeto sujo, é feita uma limpeza rigorosa (desbridamento) para evitar infecção.
Reparos Associados: Se houver lesão de nervos sensitivos ou cápsula articular, eles são reparados no mesmo tempo cirúrgico.
O procedimento é realizado geralmente com bloqueio local ou periférico (o membro superior fica dormente), associado a uma sedação leve ou máscara laríngea. O paciente recebe alta no mesmo dia.
Prognóstico e Recuperação
A recuperação dos das lesões dos tendões extensores costuma ser um pouco mais rápida e com menos complicações do que a da lesão dos flexores, mas ainda exige cuidados.
Imobilização: Após a cirurgia, a mão/dedo fica imobilizada por 4 a 6 semanas para proteger a costura.
Pontos: Os pontos da pele são retirados geralmente após 14 dias.
Reabilitação: A Terapia da Mão é fundamental. Os tendões extensores têm uma tendência a criar aderências (“grudar” na pele ou osso). A fisioterapia precoce e controlada ajuda o tendão a deslizar e evita a rigidez.
Resultado: A maioria dos pacientes recupera boa função, mas pode restar uma pequena perda de flexibilidade ou extensão final (o dedo não estica 100%), o que geralmente não atrapalha o dia a dia.
Quando Procurar o Especialista
Qualquer corte no dorso da mão deve ser avaliado, pois a pele é fina e o tendão está logo ali.
Procure um Cirurgião de Mão se:
Você sofreu um corte no dorso da mão ou dedos e não consegue esticá-los completamente.
Levou uma bolada na ponta do dedo e ela ficou caída (“boba”).
A ferida está vermelha, quente ou com pus (sinais de infecção).
Dúvidas Frequentes (FAQ)
Posso colar o corte com “superbonder” ou curativo em casa? Não. Mesmo que o corte na pele pareça pequeno, o tendão lá embaixo pode estar cortado parcialmente ou totalmente. Fechar a pele sem tratar o tendão pode levar a uma deformidade permanente ou ruptura tardia.
O tendão cola sozinho se eu usar tala? Em lesões fechadas (como dedo em martelo), sim, pode colar. Em lesões abertas (cortes), as pontas se afastam e geralmente precisam de costura cirúrgica para se unirem novamente.
Quanto tempo demora para voltar a mexer a mão? Movimentos leves e protegidos podem começar cedo na fisioterapia. O uso da mão para força e atividades normais geralmente é liberado após 6 a 8 semanas, quando a cicatrização do tendão está forte.
Meu dedo vai ficar torto? Se tratado corretamente, a chance de deformidade grave é pequena. No entanto, pequenas limitações de movimento ou cicatrizes visíveis são comuns e esperadas em lesões graves.
Se você se identifica com esses sintomas, uma avaliação especializada é fundamental. Agende sua consulta para um diagnóstico preciso e para iniciarmos o tratamento adequado.
