Lesões de Ponta de Dedo

As lesões de ponta de dedo são extremamente comuns, variando de um simples corte na cozinha até um esmagamento na porta do carro. Como a ponta dos dedos é uma área muito sensível e essencial para o tato, o tratamento correto é fundamental para evitar dores crônicas e deformidades nas unhas.

Lesões de Ponta de Dedo: reparo do leito ungueal com sutura e uso da unha como proteção.

O Que É?

As lesões de ponta de dedo envolvem qualquer dano à parte final do dedo (a falange distal). Essa região é uma estrutura complexa composta por:

  • Polpa digital: A parte “gordinha” e macia, rica em terminações nervosas para o tato.

  • Unha e Leito Ungueal: A unha e a “carne” que fica logo abaixo dela.

  • Osso: A falange distal (o último ossinho do dedo).

A lesão pode afetar apenas a pele, ou envolver a unha, o leito da unha e fraturar o osso.

Causas e Fatores de Risco

A grande maioria dessas lesões é causada por traumas domésticos ou de trabalho.

 

As causas mais frequentes incluem:

  • Esmagamentos: O clássico acidente de prender o dedo na porta (de casa ou do carro) ou em gavetas.

  • Objetos cortantes: Acidentes na cozinha com facas, mandolins ou latas, e manuseio de vidro quebrado.

  • Acidentes industriais: Prensas, serras e máquinas que podem causar cortes graves ou amputações traumáticas.

  • Esportes: Boladas que atingem a ponta do dedo esticado (comum no vôlei, basquete e goleiros).

Sintomas Mais Comuns

Devido à alta concentração de nervos, essas lesões costumam ser muito dolorosas.

  • Dor intensa e latejante: O dedo parece “pulsar”.

  • Sangramento: Pode ser abundante, pois a região é muito vascularizada.

  • Hematoma Subungueal: A unha fica roxa ou preta devido ao sangue acumulado embaixo dela.

  • Deformidade: A unha pode levantar ou o dedo pode parecer torto se houver fratura.

  • Perda de sensibilidade: Ou, ao contrário, sensibilidade extrema ao toque.

  • Exposição óssea: Em cortes profundos, o osso pode ficar visível.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito pelo exame físico cuidadoso. O médico avalia a profundidade do corte, a integridade da unha, a circulação e se há tendões cortados.

 

Exames de imagem são essenciais, mesmo em cortes que parecem superficiais:

  • Raio-X: É obrigatório na maioria dos casos. Serve para verificar se há fratura da falange distal (o ossinho da ponta), que é extremamente comum em casos de esmagamento (dedo na porta), e para ver se há corpos estranhos (cacos de vidro, metal).

Tratamento

O objetivo é cobrir o osso, preservar o comprimento do dedo, manter a sensibilidade e garantir que a unha cresça o mais normal possível.

 

Tratamento Conservador (Sem cirurgia complexa):

  • Curativos Especiais: Em casos de perda de pele superficial (como fatiar a ponta do dedo), o corpo tem uma capacidade incrível de regeneração. O médico pode optar por curativos que estimulam a cicatrização natural (“cicatrização por segunda intenção”), sem dar pontos.

  • Drenagem de Hematoma: Se a unha estiver roxa e muito dolorida (hematoma subungueal), o médico pode fazer um pequeno furo na unha (fura-se a unha sem dor, pois é tecido morto) para drenar o sangue e aliviar a pressão instantaneamente.

  • Talas Metálicas: Usadas para proteger o dedo em caso de fraturas na ponta.

Cirurgia

A cirurgia é necessária em lesões mais complexas, cortes profundos, lesões do leito da unha ou quando há exposição do osso.

 

Os procedimentos mais comuns são:

  • Reparo do Leito Ungueal: Se a unha foi arrancada ou cortada ao meio, é preciso costurar a “carne” de baixo da unha (leito) com fios muito finos para evitar que a nova unha nasça deformada.

  • Regularização: Em amputações de ponta muito graves, onde não é possível reimplantar, o cirurgião “arruma” a ponta do osso e da pele para fechar a ferida de forma funcional.

  • Retalhos Cutâneos: Se faltar pele para fechar a ferida, o cirurgião pode deslizar pele do próprio dedo (avanços em V-Y) ou de outra região da mão para cobrir a falha.

  • Fixação de Fratura: Em alguns casos, pode ser necessário usar um pequeno fio de metal (fio de Kirschner) para segurar o osso no lugar.

A cirurgia geralmente é feita com bloqueio local ou periférico (o braço fica dormente), associado a uma sedação leve ou máscara laríngea para conforto do paciente.

Prognóstico e Recuperação

A recuperação da pele é rápida, mas a sensibilidade pode demorar meses para normalizar.

  • Sensibilidade: É comum a ponta do dedo ficar sensível ao frio ou apresentar uma sensação de “choque” leve por alguns meses.

  • Unha: Se a matriz da unha foi afetada, a nova unha pode nascer com ondulações ou deformidades permanentes. Uma unha nova completa leva cerca de 3 a 6 meses para crescer.

  • Pontos: Em geral, os pontos na ponta dos dedos não são retirados antes de 14 dias, pois a pele da mão é grossa e precisa de tempo para colar bem.

A Terapia da Mão (fisioterapia) é vital para dessensibilizar a ponta do dedo (acostumar a pele ao toque novamente) e recuperar o movimento.

Quando Procurar o Especialista

Qualquer lesão na mão deve ser avaliada, mas procure um Cirurgião de Mão imediatamente se:

  • Houver sangramento que não para com compressão.

  • A unha estiver levantada, cortada ou muito roxa (hematoma ocupando mais de 50% da unha).

  • Houver corte profundo ou amputação da ponta.

  • Você não conseguir esticar a ponta do dedo (possível lesão de tendão, “Dedo em Martelo”).

Dúvidas Frequentes (FAQ)

Minha unha caiu. Ela vai nascer de novo? Sim, desde que a “raiz” da unha (matriz germinativa) não tenha sido destruída. A unha demora meses para crescer e a nova pode vir um pouco diferente da original.

 

O osso da ponta do dedo cola sozinho? Sim, as fraturas da falange distal costumam consolidar bem. O principal risco não é o osso não colar, mas sim a formação de uma “falsa articulação” dolorosa se não for imobilizado.

 

Por que a ponta do meu dedo dói tanto no frio? Após uma lesão, a circulação local e os nervos ficam alterados. A intolerância ao frio é uma sequela muito comum, mas tende a melhorar com o tempo e dessensibilização.

 

Preciso tomar antibiótico? Depende. Em lesões limpas (faca de cozinha limpa), nem sempre é necessário. Em lesões sujas, mordidas de animais ou esmagamentos graves, o antibiótico é geralmente prescrito para evitar infecção óssea.

Se você se identifica com esses sintomas, uma avaliação especializada é fundamental. Agende sua consulta para um diagnóstico preciso e para iniciarmos o tratamento adequado.