Fratura do Metacarpo

A fratura do metacarpo é uma das lesões mais frequentes da mão. Os metacarpos são os cinco ossos longos que formam a estrutura da palma da mão, conectando o punho aos dedos. Quando um deles quebra, a função de agarrar e fechar a mão fica comprometida.

Ilustração de Fratura do Metacarpo com desvio rotacional e dedos cruzados na mão.

O Que É?

Os Metacarpos são os ossos que formam o “esqueleto” da palma da sua mão. Você pode senti-los facilmente passando o dedo pelo dorso (costas) da mão.

 

A Fratura do Metacarpo é a quebra de um desses ossos. A mais famosa delas é a “Fratura do Boxeador”, que acontece no quinto metacarpo (o osso que sustenta o dedo mínimo), geralmente após dar um soco em uma superfície dura.

Causas e Fatores de Risco

Quase todas as fraturas de metacarpo são causadas por trauma.

  • Trauma Direto (Soco): É a causa mais comum, especialmente em adultos jovens. Bater a mão fechada contra uma parede ou em uma briga transfere toda a força para a “cabeça” do metacarpo, que acaba quebrando.

  • Quedas: Cair e bater o dorso da mão no chão.

  • Esmagamentos: Acidentes de trabalho ou prender a mão em portas pesadas.

  • Esportes: Comum em esportes de contato ou com bola.

Sintomas Mais Comuns

Os sintomas aparecem imediatamente após o acidente:

  • Dor e Inchaço: A mão fica inchada (parecendo um “pãozinho”) e muito dolorida, principalmente no dorso.

  • “Junta” afundada: Se você fechar a mão, pode notar que uma das “juntas” (a cabeça do metacarpo) sumiu ou ficou afundada em comparação com a outra mão.

  • Dedo Torto (Deformidade Rotacional): Este é um sinal importante. Ao tentar fechar a mão, o dedo do osso quebrado pode “cruzar” ou encavalar por cima do dedo vizinho, em vez de apontar para a palma.

  • Incapacidade: Dificuldade para fechar o punho completamente ou segurar objetos.

Diagnóstico

O diagnóstico é iniciado com o exame físico minucioso. O médico pede para o paciente fechar a mão para verificar se existe rotação (se o dedo cruza sobre o outro). Identificar esse desvio é crucial, pois mesmo que a fratura esteja estável (não se mova), a presença de rotação compromete a função da mão e geralmente exige correção.

  • Raio-X: É o exame obrigatório. Ele confirma qual metacarpo quebrou, a localização da fratura (perto do punho, no meio ou perto do dedo) e o grau de angulação ou encurtamento.

  • Tomografia Computadorizada: Pode ser solicitada em fraturas complexas que atingem a articulação ou em casos de múltiplos ossos quebrados para planejar a cirurgia.

Tratamento

O tratamento depende de qual metacarpo quebrou e se os fragmentos saíram muito do lugar.

 

Tratamento Conservador (Sem Cirurgia): Muitas fraturas de metacarpo são estáveis e podem ser tratadas sem operação.

  • Imobilização (Gesso ou Tala): O médico coloca o osso no lugar (redução) se necessário e imobiliza a mão e o punho por cerca de 4 a 6 semanas.

  • Mobilização Precoce: Em alguns casos estáveis, usamos apenas uma proteção solidária (prendendo o dedo machucado ao vizinho) para permitir movimento rápido e evitar rigidez.

Cirurgia

A cirurgia é indicada quando o osso está muito deslocado, quando há encurtamento do dedo, fraturas expostas ou, principalmente, quando há rotação (o dedo cruza sobre o outro ao fechar a mão).

As técnicas mais comuns são:

  • Fios de Kirschner (Pinos): Uma técnica minimamente invasiva. O cirurgião insere fios metálicos através da pele para segurar o osso no lugar. Esses fios podem ser deixados com a ponta para fora da pele (para fácil retirada) ou sepultados (totalmente cobertos pela pele) para maior conforto e menor risco de infecção.

  • Parafusos Intramedulares: Uma técnica moderna e minimamente invasiva. Um parafuso especial é inserido por dentro do canal do osso (como se fosse o “recheio” do osso), mantendo-o alinhado. A vantagem é que não deixa saliências na pele e permite movimentação imediata da mão.

  • Placas e Parafusos: Usada para fixação rígida em fraturas mais complexas. O cirurgião abre a pele, alinha o osso perfeitamente e fixa com mini-placas de titânio. A vantagem é permitir movimentar a mão muito mais cedo, evitando a rigidez.

O procedimento é realizado com bloqueio local ou periférico (o braço fica dormente), associado a uma sedação leve ou máscara laríngea para conforto do paciente.

Prognóstico e Recuperação

O osso do metacarpo leva cerca de 6 semanas para colar (consolidar).

  • Pontos: Se houver cirurgia com corte, os pontos são retirados com 14 dias.

  • Retirada de Material:

    • Fios (Pinos): Se expostos, são retirados no consultório. Se sepultados, necessitam de um pequeno procedimento para retirada após a consolidação.

    • Parafusos Intramedulares e Placas: Geralmente ficam para sempre, sendo retirados apenas se causarem algum incômodo futuro.

  • Reabilitação: A Terapia da Mão (Fisioterapia) é fundamental. O grande inimigo das fraturas de mão não é o osso não colar, mas sim a rigidez e o inchaço (edema). A terapia foca em recuperar o movimento de fechar a mão e a força de preensão.

Quando Procurar o Especialista

Nunca subestime uma dor na mão após um soco ou queda, mesmo que consiga mexer os dedos.

 

Procure um Ortopedista ou Cirurgião de Mão se:

  • Sua mão inchou muito após um trauma.

  • Uma das suas “juntas” parece ter desaparecido.

  • Ao fechar a mão, seus dedos se cruzam.

Dúvidas Frequentes (FAQ)

Dei um soco na parede e minha mão inchou. Quebrei? É muito provável. A “Fratura do Boxeador” (quinto metacarpo) é clássica nessa situação. O inchaço no dorso da mão e a dor na junta do dedo mínimo são sinais de alerta para fazer um Raio-X.

 

Vou precisar tirar a placa de metal depois? Geralmente não. As placas de titânio são feitas para ficar no corpo permanentemente. Só são retiradas se causarem incômodo (como sentir a placa sob a pele) ou dor após a consolidação total.

 

Meu dedo vai ficar torto? Se a fratura for tratada corretamente (seja com gesso ou cirurgia), o objetivo é que o dedo fique alinhado. Sem tratamento, fraturas rotacionais cicatrizam fazendo o dedo cruzar, o que atrapalha muito a função da mão.

 

Posso mexer os dedos enquanto uso gesso? Depende da orientação do seu médico. Na maioria das vezes, encorajamos mexer os dedos que não estão imobilizados para ajudar a bombear o sangue e diminuir o inchaço.

Se você se identifica com esses sintomas, uma avaliação especializada é fundamental. Agende sua consulta para um diagnóstico preciso e para iniciarmos o tratamento adequado.