Epicondilite Lateral
A Epicondilite Lateral, popularmente conhecida como “Cotovelo de Tenista”, é a causa mais frequente de dor na parte de fora do cotovelo. Apesar do nome, ela afeta muito mais pessoas que realizam trabalhos manuais e de escritório do que os próprios tenistas.
O Que É?
A Epicondilite Lateral é uma inflamação ou, mais corretamente, um desgaste (degeneração) dos tendões que se prendem ao ossinho saliente na parte lateral externa do cotovelo (o epicôndilo lateral).
Esses tendões são as “cordas” finais dos músculos do antebraço responsáveis por esticar o punho e os dedos. Imagine uma corda que está sendo puxada excessivamente: com o tempo, ela começa a desfiar. É exatamente isso que acontece com o tendão (principalmente o extensor radial curto do carpo) na sua origem no cotovelo: surgem microlesões que causam dor e fraqueza.
Causas e Fatores de Risco
A principal causa é a sobrecarga repetitiva dos músculos extensores do punho. Não é necessariamente um trauma único, mas o uso excessivo ao longo do tempo.
Os fatores de risco incluem:
Atividades Repetitivas: Uso intenso de computador (mouse e teclado), digitação, pintura de paredes, uso de ferramentas (chaves de fenda, martelos) e jardinagem.
Esportes: Tênis (especialmente o movimento de backhand feito com técnica incorreta), squash e musculação.
Idade: É mais comum entre 30 e 50 anos, quando a elasticidade natural dos tendões começa a diminuir.
Tabagismo: Fumar prejudica a circulação sanguínea nos tendões, dificultando a cicatrização e aumentando o risco de lesão.
Sintomas Mais Comuns
A dor costuma começar de forma leve e piorar gradualmente ao longo de semanas ou meses.
Dor Lateral: Dor ou queimação na parte externa do cotovelo (naquele ossinho saliente).
Irradiação: A dor pode descer pelo antebraço em direção ao punho.
Dor ao Agarrar: A dor piora ao tentar segurar objetos, apertar a mão de alguém ou girar uma maçaneta.
Fraqueza: Sensação de que o braço está fraco, com dificuldade para segurar coisas simples, como uma xícara de café cheia.
Dor na Extensão: Dor ao tentar esticar o punho contra resistência.
Diagnóstico
O diagnóstico é essencialmente clínico. No consultório, o médico examina o local da dor e realiza testes específicos, pedindo para o paciente estender o punho ou o dedo médio contra resistência, o que reproduz a dor no cotovelo.
Para avaliar a extensão do dano e descartar outras patologias, exames de imagem são importantes:
Ultrassom: É um exame excelente para ver os tendões. Ele mostra se há inchaço, micro rupturas (fissuras) ou calcificações na origem do tendão.
Ressonância Magnética: Geralmente reservada para casos que não melhoram com tratamento ou para descartar outras lesões (como lesões ligamentares ou de cartilagem) dentro da articulação.
Raio-X: Útil para descartar problemas ósseos, como artrose ou corpos livres no cotovelo.
Tratamento
A boa notícia é que mais de 90% dos casos são resolvidos sem cirurgia. O tendão, no entanto, tem uma cicatrização lenta, exigindo paciência.
O tratamento conservador envolve:
Repouso Relativo: Evitar as atividades que causam a dor (como o movimento repetitivo do punho).
Gelo e Medicamentos: Compressas geladas e anti-inflamatórios ajudam na fase aguda de dor.
Tensor (Faixa) para Epicondilite: O uso de uma faixa compressora no antebraço (conhecida como tira sub-condilar ou strap) ajuda a “descansar” o local da lesão. Ela muda o ponto de tração do músculo, diminuindo a força que chega na área inflamada do cotovelo.
Fisioterapia: É fundamental. Envolve exercícios de alongamento e, posteriormente, fortalecimento (especialmente exercícios excêntricos) para reorganizar as fibras do tendão.
Infiltração: Em casos de dor muito intensa, uma injeção local com corticoide pode trazer alívio rápido, mas deve ser usada com cautela.
Cirurgia
A cirurgia é indicada apenas quando o tratamento conservador bem feito falha por um longo período (geralmente 6 a 12 meses) e a dor continua limitando a vida do paciente.
O objetivo da cirurgia é remover o tecido doente (degenerado) e estimular a cicatrização, podendo ou não reinserir o tendão saudável no osso.
O procedimento é realizado através de uma pequena incisão na lateral do cotovelo (via aberta). A anestesia geralmente consiste em um bloqueio do braço associado a uma sedação leve ou máscara laríngea. O paciente recebe alta no mesmo dia.
Prognóstico e Recuperação
O prognóstico é muito positivo. A maioria dos pacientes volta às suas atividades sem dor.
No pós-operatório, o braço pode ficar imobilizado em uma tipoia por um curto período para conforto. Os pontos geralmente são retirados após 14 dias.
A fisioterapia pós-cirúrgica é iniciada precocemente para recuperar o movimento do cotovelo e evitar rigidez. O retorno a atividades de esforço intenso ou esportes de raquete é gradual e pode levar de 3 a 6 meses, dependendo da cicatrização do tendão.
Quando Procurar o Especialista
Não ignore uma dor no cotovelo que persiste por mais de duas semanas.
Procure um Ortopedista ou Cirurgião de Mão se:
A dor no cotovelo atrapalha tarefas simples como escovar os dentes ou levantar uma jarra de água.
Você sente perda de força na mão.
A dor não melhora com repouso e gelo.
Você nota inchaço ou vermelhidão no cotovelo.
Dúvidas Frequentes (FAQ)
Só tenistas têm essa doença? Não. Na verdade, a maioria dos pacientes nunca jogou tênis. O nome vem do fato de ser comum no esporte, mas qualquer pessoa que faça movimentos repetitivos de punho e antebraço (pintores, cozinheiros, digitadores) pode ter.
Compressa de água quente ou gelo? Na fase de dor aguda e inflamação, o gelo costuma ser melhor.
A infiltração cura o problema? A infiltração com corticoide é excelente para tirar a dor rápido, mas não “conserta” o tendão. O que realmente trata a causa é a reabilitação com fisioterapia e fortalecimento. Infiltrações repetidas podem até enfraquecer o tendão, por isso são usadas com moderação.
Quanto tempo demora para sarar sem cirurgia? Pode variar bastante. Tendões têm pouca circulação de sangue, então a cicatrização é lenta. Com tratamento correto, a melhora significativa ocorre entre 3 a 6 meses, mas o alívio total pode levar até um ano em casos crônicos.
Se você se identifica com esses sintomas, uma avaliação especializada é fundamental. Agende sua consulta para um diagnóstico preciso e para iniciarmos o tratamento adequado.
