Encondroma
A palavra “tumor” assusta qualquer paciente, mas é importante começar com a melhor notícia: o Encondroma é uma lesão benigna (não é câncer). É o tumor ósseo mais frequente da mão e, na maioria das vezes, é descoberto por acaso.

O Que É?
O Encondroma é um tumor benigno formado por cartilagem que cresce dentro do osso.
Normalmente, a cartilagem reveste a parte de fora das articulações. No encondroma, por um erro de desenvolvimento, ilhas de cartilagem ficam “presas” no interior da medula óssea. Com o tempo, essa cartilagem cresce e substitui o osso duro, deixando-o oco e fraco, como se fosse uma “casca de ovo” ou uma madeira comida por cupim.
Causas e Fatores de Risco
Não existe uma causa externa conhecida. Você não desenvolve um encondroma porque bateu o dedo, comeu algo errado ou fez muito esforço.
Origem: Acredita-se que seja uma falha durante o crescimento ósseo na infância ou adolescência. Células que deveriam virar osso continuam como cartilagem.
Idade: Pode ser descoberto em qualquer idade, mas é mais comum entre os 20 e 40 anos.
Genética: A grande maioria é esporádica (aparece um só, sem causa genética). Raramente, faz parte de síndromes genéticas (Doença de Ollier ou Síndrome de Maffucci), onde o paciente tem múltiplos tumores no corpo.
Sintomas Mais Comuns
O Encondroma é famoso por ser silencioso.
Assintomático: Muitas pessoas têm e não sabem. Não dói e não incomoda.
Fratura Patológica: Este é o sintoma mais comum de descoberta. O paciente bate o dedo levemente (um trauma que não quebraria um osso normal) e o dedo quebra. Isso acontece porque o tumor “roeu” o osso por dentro, deixando-o frágil.
Aumento de volume: Pode aparecer como um inchaço duro e indolor no dedo.
Dor (Sinal de Alerta): Se o encondroma dói sem ter quebrado, é um sinal de alerta que exige investigação rápida, pois pode indicar atividade do tumor.
Diagnóstico
Geralmente, o diagnóstico é feito quando o paciente faz um Raio-X por outro motivo ou após uma fratura.
Raio-X: É o exame principal e inicial. A imagem é clássica: mostra uma mancha escura dentro do osso (lesão lítica), muitas vezes com pontinhos brancos de calcificação dentro (parecidos com pipoca). O osso pode estar expandido/inchado.
Ressonância Magnética: É um exame fundamental em casos de dúvida. Ela é solicitada para confirmar as características benignas da lesão e descartar sinais de malignidade (câncer), como o Condrossarcoma de baixo grau. A ressonância consegue mostrar com clareza se o tumor está restrito ao interior do osso ou se invadiu as partes moles ao redor, o que mudaria o tratamento.
Tomografia Computadorizada: Pode ser usada para avaliar com precisão a “casca” do osso (córtex) e calcular o risco de fratura, ajudando no planejamento cirúrgico.
Tratamento
O tratamento depende se o tumor causou uma fratura ou se foi um achado acidental.
Observação: Se o encondroma é pequeno, foi um achado acidental e não dói, o médico pode optar apenas por acompanhar com Raio-X seriado (anual) para garantir que não está crescendo.
Tratamento da Fratura: Se o osso quebrou, a prioridade inicial é tratar a fratura (geralmente com tala ou gesso) até o osso colar. Só depois pensa-se em tratar o tumor.
Cirurgia
A cirurgia é o tratamento definitivo e é indicada para evitar que o osso quebre (se o tumor for grande) ou para tratar a lesão após uma fratura consolidada.
O procedimento consiste em duas etapas principais:
Curetagem: O cirurgião abre uma pequena janela no osso e “raspa” todo o tumor de cartilagem lá de dentro, limpando a cavidade.
Enxertia Óssea: Como fica um buraco vazio onde estava o tumor, é preciso preenchê-lo. O cirurgião coloca enxerto ósseo, que pode ser retirado do próprio paciente (geralmente do rádio, no punho, ou da crista ilíaca, na bacia) ou usar osso sintético (artificial).
A cirurgia é realizada com bloqueio local ou periférico (braço dormente) e máscara laríngea.
Prognóstico e Recuperação
O prognóstico é excelente. O encondroma é benigno e a cirurgia resolve o problema na maioria dos casos.
Recuperação: O dedo fica protegido (tala) por algumas semanas enquanto o enxerto se integra ao osso natural.
Pontos: Se houver incisão, os pontos são retirados com 14 dias.
Recidiva: Existe uma pequena chance (cerca de 5 a 10%) do tumor voltar, por isso o acompanhamento com Raio-X continua por algum tempo.
Transformação Maligna: A chance de um encondroma isolado na mão virar um câncer (condrossarcoma) é extremamente rara, mas o médico ficará atento a sinais de dor ou crescimento rápido.
Quando Procurar o Especialista
Procure um Cirurgião de Mão se:
Você notar um aumento de volume (caroço duro) no dedo.
Sofrer uma fratura no dedo após um trauma bobo ou leve.
Descobrir uma “mancha no osso” em um Raio-X de rotina.
Dúvidas Frequentes (FAQ)
O encondroma é câncer? Não. É um tumor benigno. Ele não se espalha para outros órgãos (não dá metástase).
De onde vocês tiram o osso para o enxerto? Depende do tamanho do buraco. Para lesões pequenas, podemos usar osso do próprio rádio (no punho) através de uma incisão mínima. Para lesões maiores, podemos usar da bacia (crista ilíaca) ou usar substitutos ósseos (pó de osso industrializado).
O osso fica forte de novo? Sim. O objetivo do enxerto é servir de “andaime” para que seu corpo produza osso novo e preencha a falha, devolvendo a resistência original ao dedo.
Se não operar, o osso vai quebrar? Se o tumor for grande e ocupar a maior parte da espessura do osso, o risco de fratura é muito alto. Nesses casos, a cirurgia preventiva é melhor do que esperar quebrar.
Se você se identifica com esses sintomas, uma avaliação especializada é fundamental. Agende sua consulta para um diagnóstico preciso e para iniciarmos o tratamento adequado.
