Tenossinovite de De Quervain
A Tenossinovite de De Quervain é uma das causas mais comuns de dor na região do punho, localizada especificamente na base do polegar. É uma condição que pode ser muito incômoda, mas que tem tratamento eficaz.

O Que É?
A Tenossinovite de De Quervain é uma inflamação que afeta dois tendões específicos do polegar e a bainha (o “túnel”) que os envolve na lateral do punho.
Imagine esses tendões como duas cordas passando por um túnel estreito. Quando você usa o polegar, essas cordas deslizam. Na Tenossinovite de De Quervain, esse túnel fica apertado e inflamado, e o deslizamento dos tendões causa atrito e dor intensa.
Causas e Fatores de Risco
A principal causa é o esforço repetitivo ou o uso excessivo da mão e do punho, especialmente em movimentos que combinam força com o uso do polegar.
Os fatores de risco mais comuns incluem:
Novas mães: É tão comum nessa população que é chamada de “tendinite da mamãe”. O ato repetitivo de levantar o bebê (com os polegares esticados) causa a inflamação.
Atividades profissionais: Trabalhos que exigem movimentos repetitivos de torção do punho ou de “pinça” com o polegar (como carpintaria, digitação, uso de tesouras ou linhas de montagem).
Hobbies: Atividades como jardinagem, tricô, tênis ou até mesmo jogar videogame por longos períodos.
Traumas: Uma pancada direta no local pode iniciar o processo inflamatório.
Sintomas Mais Comuns
Os sintomas geralmente se desenvolvem gradualmente. Os sinais mais clássicos são:
Dor: É o sintoma principal. A dor se localiza na lateral do punho, na base do polegar. Ela piora ao tentar agarrar, pinçar ou torcer objetos (como abrir um pote ou girar uma chave).
Inchaço: Pode haver um inchaço visível ou um “caroço” dolorido na região.
Dificuldade de movimento: Perda de força e dificuldade para realizar tarefas simples com o polegar.
Sensação de “travamento”: Alguns pacientes relatam que o polegar parece “travar” ou “estalar” ao se mover.
Diagnóstico
O diagnóstico da Tenossinovite de De Quervain é feito no consultório e é primariamente clínico. O médico irá ouvir sua história e examinar seu punho.
O teste mais comum é o Teste de Finkelstein (ou uma variação dele): o médico pedirá que você feche a mão com o polegar por dentro dos outros dedos e, em seguida, incline o punho para o lado do dedo mínimo. Se esse movimento causar uma dor aguda na base do polegar, o teste é considerado positivo.
Embora o diagnóstico seja clínico, exames podem ser solicitados para confirmar a inflamação e descartar outros problemas:
Ultrassom: É o melhor exame para este caso. Ele mostra claramente o inchaço dos tendões e o espessamento do “túnel” (bainha), confirmando a inflamação.
Raio-X: Não serve para diagnosticar a tenossinovite (que é um problema de partes moles), mas é útil para descartar outras causas de dor no local, como artrose na base do polegar ou fraturas.
Tratamento

O objetivo do tratamento é reduzir a inflamação, aliviar a dor e permitir que os tendões voltem a deslizar livremente.
O tratamento inicial é sempre conservador (sem cirurgia):
Imobilização: O passo mais importante. O uso de uma tala (órtese) que imobiliza o polegar e o punho é fundamental para dar “férias” aos tendões e permitir que eles desinflamem.
Gelo e Anti-inflamatórios: Medicamentos e aplicação de gelo no local ajudam a controlar a dor e o inchaço inicial.
Fisioterapia ou Terapia da Mão: O terapeuta pode aplicar técnicas para reduzir a inflamação e ensinar exercícios de alongamento e fortalecimento para prevenir que o problema volte.
Infiltração (Injeção): Se a dor não melhorar com a tala, a aplicação de um medicamento corticoide diretamente no local inflamado é extremamente eficaz. Muitas vezes, uma única injeção resolve o problema.
Cirurgia
A cirurgia é indicada em uma minoria de casos, apenas quando o tratamento conservador (incluindo as infiltrações) falha, ou quando os sintomas são muito graves e recorrentes.
O procedimento cirúrgico é chamado de liberação do primeiro compartimento extensor. É uma intervenção simples, rápida e muito eficaz. O cirurgião faz um pequeno corte no punho e “abre” o teto do túnel por onde os tendões passam, dando a eles mais espaço para deslizar sem atrito.
Este procedimento é geralmente feito com anestesia local ou bloqueio do braço, associada a uma sedação leve para conforto do paciente, e o paciente recebe alta no mesmo dia.
Prognóstico e Recuperação
O prognóstico para a Tenossinovite de De Quervain é excelente. A grande maioria dos pacientes se recupera bem, seja com o tratamento conservador ou com a cirurgia.
Após a cirurgia, a Terapia da Mão é fundamental para recuperar o movimento e evitar aderências. Os pontos geralmente são retirados após 14 dias. O retorno às atividades normais é gradual, mas o alívio da dor costuma ser imediato após a cirurgia.
Quando Procurar o Especialista
Não ignore a dor no punho, especialmente se ela começar a limitar suas atividades diárias.
Procure um especialista em Cirurgia da Mão se:
A dor na base do polegar não melhora após alguns dias de repouso.
Você sente dor ao tentar segurar objetos, como uma xícara de café ou seu celular.
Você nota um inchaço visível na lateral do punho.
Dúvidas Frequentes (FAQ)
De Quervain é o mesmo que Síndrome do Túnel do Carpo? Não. Embora ambos sejam problemas no punho, o Túnel do Carpo afeta o nervo mediano (causando dormência) e fica no centro do punho. De Quervain afeta os tendões do polegar (causando dor) e fica na lateral do punho.
Por que isso é tão comum em novas mães? Pelo movimento repetitivo de levantar o bebê. O jeito mais comum de pegar o bebê no berço ou no colo envolve colocar as mãos sob suas axilas, com os polegares esticados para cima. Fazer isso dezenas de vezes por dia causa a inflamação.
A infiltração (injeção) dói muito? A aplicação pode ser um pouco incômoda, pois é feita em um local já inflamado, mas é muito rápida. O alívio que ela proporciona nos dias seguintes costuma compensar o breve desconforto.
A tenossinovite pode voltar depois da cirurgia? É extremamente raro. A cirurgia de liberação do túnel tem uma taxa de sucesso muito alta e geralmente é uma solução definitiva para o problema.
Se você se identifica com esses sintomas, uma avaliação especializada é fundamental. Agende sua consulta para um diagnóstico preciso e para iniciarmos o tratamento adequado.
