Polidactilia
Receber a notícia de que seu bebê nasceu com um ou mais dedos extras na mão pode ser um susto. É importante saber que esta condição, chamada Polidactilia, é uma das anomalias congênitas (presentes ao nascer) mais comuns e tratáveis da mão.
Este guia foi preparado para pais e familiares, explicando de forma simples e tranquila o que é a polidactilia, por que ela acontece e como é feita a correção cirúrgica.

O Que É?
Polidactilia é o termo médico para um bebê que nasce com mais de cinco dedos em uma mão (ou pé). É uma condição comum, que ocorre durante a formação da mão do bebê, ainda no início da gestação.
Esse dedo extra pode ser de vários tipos:
Pode ser apenas um pequeno “apêndice” de pele (pediculado), sem ossos.
Pode ser um dedo completo, com ossos, articulações e tendões.
O dedo extra pode aparecer ao lado do dedo mínimo (mais comum) ou ao lado do polegar. Quando ocorre no polegar, é chamada de “duplicação do polegar” e, por ser um dedo mais complexo, seu tratamento exige um planejamento diferente.
Causas e Fatores de Risco
A polidactilia ocorre quando há uma “divisão” extra no desenvolvimento da mão do feto. Na grande maioria dos casos, a causa é genética.
Fator Hereditário: É muito comum que outras pessoas na família (pais, avós ou tios) também tenham nascido com dedos extras.
Síndromes Genéticas: Em casos mais raros, a polidactilia pode ser um dos sinais de uma síndrome genética mais ampla, que envolve outras características no corpo.
Na maioria das vezes, a polidactilia é um evento isolado, sem nenhuma outra implicação para a saúde geral da criança.
Sintomas Mais Comuns
O “sintoma” ou sinal é a presença do dedo extra, que é identificado logo no nascimento.
A polidactilia em si não causa dor ao bebê. O desafio é funcional e, secundariamente, estético. Um dedo extra, especialmente se for no polegar, pode atrapalhar o desenvolvimento futuro do movimento de “pinça” (essencial para escrever e segurar objetos) e a capacidade de agarrar.
Diagnóstico
O diagnóstico da polidactilia é clínico, feito pelo pediatra no berçário, apenas olhando a mão do bebê.
No entanto, para o cirurgião da mão, uma avaliação detalhada com exames de imagem é fundamental para planejar a cirurgia de reconstrução.
Raio-X (Radiografia): É o exame essencial e sempre solicitado para avaliar a parte óssea. Ele mostra se o dedo extra tem ossos próprios, se compartilha um osso com o dedo vizinho, ou como é a articulação.
Ultrassom (Ultrassonografia): O ultrassom pode ser um excelente complemento para avaliar as partes moles. Ele ajuda o cirurgião a “enxergar” detalhes importantes, como tendões, ligamentos e vasos sanguíneos, e a entender como eles são compartilhados entre o dedo normal e o dedo extra.
Esse planejamento cuidadoso com os exames de imagem é o que define a complexidade e a melhor técnica para a cirurgia.
Tratamento
O tratamento da polidactilia é sempre cirúrgico.
O objetivo não é apenas “tirar” o dedo que sobrou, mas sim reconstruir uma mão com cinco dedos que seja o mais funcional e esteticamente normal possível.
Nota Importante: Antigamente, era comum “amarrar” um fio na base do dedo extra (ligadura) para ele “cair” sozinho. Isso não é mais recomendado. Essa técnica deixa um coto na pele e, pior, pode criar um neuroma (uma terminação nervosa muito dolorosa) na cicatriz, causando dor crônica.
Cirurgia
A cirurgia de correção da polidactilia é um procedimento delicado e planejado com calma.
Quando está indicada? A cirurgia é geralmente realizada quando o bebê está maior e mais forte, tipicamente entre 1 e 2 anos de idade. Esse tempo permite que as estruturas da mão cresçam, facilitando a microcirurgia, e acontece antes da criança desenvolver a memória ou a função de pinça.
Como é feita? O cirurgião não apenas remove o dedo extra. Ele precisa reequilibrar a mão, preservando os ligamentos, tendões e a placa de crescimento do dedo que vai ficar. Em casos de duplicação do polegar, a cirurgia é mais complexa, pois pode envolver a “fusão” de partes dos dois polegares para criar um único polegar funcional.
Anestesia: A cirurgia em crianças é feita sob anestesia geral, comumente com bloqueio periférico (anestesiando só o braço) associado, garantindo que a criança não sinta dor durante ou após o procedimento.
Prognóstico e Recuperação
O prognóstico para a polidactilia é excelente. A cirurgia permite que a criança tenha uma mão com cinco dedos, com ótima função e aparência.
Pós-operatório: Após a cirurgia, a mão do bebê será protegida por um curativo e, frequentemente, uma tala ou gesso para manter o dedo na posição correta.
Recuperação: Os pontos geralmente são internos e absorvíveis. Se houver pontos externos, eles são retirados após 14 dias ou mais, dependendo da cicatrização.
Reabilitação: A terapia da mão (fisioterapia especializada, muitas vezes com brincadeiras) é uma parte muito importante da recuperação. Ela ajuda a criança a ganhar movimento, força e a “aprender” a usar a nova mão, além de tratar a cicatriz.
Quando Procurar o Especialista
Se o seu bebê nasceu com um dedo extra, o ideal é agendar uma primeira avaliação com um Cirurgião da Mão (idealmente com experiência pediátrica) nos primeiros meses de vida.
Essa primeira consulta não é para operar, mas sim para tranquilizar os pais, fazer o diagnóstico correto com o Raio-X e, o mais importante, planejar a melhor idade para a criança fazer a cirurgia com total segurança.
Dúvidas Frequentes (FAQ)
A cirurgia é só por estética? Não. O objetivo principal é funcional. Um dedo extra pode atrapalhar o desenvolvimento da “pinça” e a capacidade de segurar objetos. A cirurgia reconstrói a mão para que ela funcione da melhor maneira possível.
A mão do meu filho ficará “normal”? O objetivo da cirurgia é criar uma mão com cinco dedos, com a melhor aparência e função possíveis. A mão ficará com uma cicatriz discreta da cirurgia, mas a criança terá uma vida normal, capaz de realizar todas as atividades.
Se eu tiver outro filho, ele também terá polidactilia? Depende. Como a polidactilia tem um forte componente genético, existe uma chance aumentada em futuras gestações, especialmente se um dos pais também nasceu com ela. Um aconselhamento genético pode ajudar a entender melhor essas chances.
Por que não pode só amarrar um fio para o dedo cair? Essa técnica antiga (ligadura) não é recomendada pois é perigosa. Ela não remove o osso (se houver) e deixa um coto na pele. Pior, ela pode criar um ‘neuroma’ (uma terminação nervosa) muito doloroso na cicatriz, que pode incomodar a criança para o resto da vida.
Se você se identifica com esses sintomas, uma avaliação especializada é fundamental. Agende sua consulta para um diagnóstico preciso e para iniciarmos o tratamento adequado.
